quinta-feira, novembro 22, 2007

Imperdiveis

A história emocionada de Gabriel Padilha, que perdeu a filha de 17 anos no dia 3 de setembro do ano passado, vítima de acidente na Lagoa Rodigo de Freitas.

A autobiografia do deus da guitarra, com depoimento tocante sobre a morte do filho Conor.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Sensivelmente Cortázar

"Era perfectamente normal que te acordaras de él a la hora de las nostalgias,
cuando uno se deja corromper por esas ausencias que llamamos recuerdos
y hay que remendar con palavras y con imágenes tanto hueco insaciable"
(Julio Cortázar, em Final del juego)

quarta-feira, outubro 24, 2007

Atravessando a ponte...


"Hoje, assim todos os dias, tenho de atravessar uma ponte;
a sua frágil armação de inseguros instantes
permite ver a água, funda, quieta, à espera.
Mãos pacientes puseram na minha bagagem
talismãs para ajudarem em tão difícil passagem" *
* José Luis García Martín, poeta espanhol, em Atravessar uma Ponte,
do livro Trípticos Espanhóis
(Foto: Ponte Hercílio Luz, Florianópolis)

domingo, outubro 14, 2007

Le bleu

Um detalhe: a cor preferida de Edith Piaf é azul. É a primeira pergunta da entrevista na praia.

sábado, outubro 13, 2007

"La Môme Piaf"

Não deve ser tarefa muito fácil adaptar para o cinema a história de vida de personalidades tão marcantes. Sempre corre-se o risco de o filme não estar à altura do biografado. O ponto de equilíbrio, nesses casos, costuma ser a força da interpretação, como ocorreu com Salma Hayek, em Frida, Jamie Fox, em Ray, e agora, com Marion Cotillard, interpretando de forma magnífica a vida sofrida e ao mesmo tempo arrebatadora de Edith Piaf, em "Piaf - Um Hino ao Amor".
Embora o filme intercale diferentes épocas da vida de Piaf, o que exige do público um certo conhecimento de sua história, até mesmo quem nunca ouviu falar da cantora (será que isso é possível?) fica impressionado com essa pequena mulher, de apenas 1,47, cuja voz cantou o amor e encantou o mundo. Emocionante uma das últimas cenas, em que Piaf está tricotando na praia e é entrevistada por uma jornalista. Depois de várias perguntas, ela indaga: - Se desse um conselho a uma mulher, qual seria? Piaf responde: - Que ame. E a uma jovem: - Que ame. E a uma garota? - Que ame.
E foi exatamente o que ela fez ao longo de sua vida, amou muito. Seu grande amor foi o pugilista Marcel Cerdan, morto em um acidente de avião, do qual Edith jamais se recuperou. A ele dedicou um de seus mais belos clássicos, "L'hynne à l'amour", escrita em parceria com a pianista Marguerite, sua fiel amiga. A letra possuía algo premonitório: "Si un jour, la vie t'arrache à moi, si tu meurs, que tu sois loin de moi peu m'importe, si tu m'aimes, car moi, je mourrai aussi..."
Só por falar de amor, em todas as possibilidades e conseqüências, o filme já valeria muito a pena. Com a vida de Piaf, então, nem se fala.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Correnteza



"Não sei para onde as corredeiras me levarão, só sei que quero ir, sem rumo, sem prumo... apenas sentindo o banzeiro domar meu corpo."

São Gabriel da Cachoeira

No período de 19 a 23 de setembro, estive em São Gabriel da Cachoeira, município localizado a 852 quilômetros de Manaus. O motivo foi a visita de Lula para o lançamento do PAC indígena. Trabalhei muito, só relaxei depois do evento. E é claro que aproveitei para conhecer melhor aquele paraíso. Posso dizer que São Gabriel é o que há de mais belo no Amazonas. Abaixo, eu, em dois momentos: fazendo o tipo engajada (viva Che, dane-se a Veja) e pronta para trabalhar, by Cantão (minhas contradições burguesas, fazer o quê?)





Como ninguém é de ferro, fui à praia e fiquei horas a contemplar o belo rio Negro.









Posso garantir que o pôr-do-sol ali é realmente fascinante, inspirador...















Ao fundo, a imagem das montanhas que lembram a "bela adormecida", daí porque a paisagem é assim conhecida



Tudo de bom...

domingo, setembro 16, 2007

About love, hope and peace

I loved you in the morning
Our kisses deep and warm
Your head upon the pillow
Like a sleepy golden storm

But now it's come to distances
And both of us must cry
Your eyes are soft with sorrow
Hey that's no way to say goodbye

You know my love goes with you
And your love stays with me
It's just the way it changes
Like the shorelines and the sea

But let's not talk of love or chains
'cause that's no way to say goodbye
Let's talk about hope and peace
The best things you gave to me

Lindo

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as
[únicas]
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
(Mário Quintana, "O que o vento não levou")

quarta-feira, setembro 05, 2007

Lindo

"Se eu tivesse morrido antes de conhecer você, Pilar, eu teria morrido me sentindo muito mais velho. (...) Aos 63 anos, minha segunda vida começou."

José Saramago, para sua mulher, Pilar del Rio

quarta-feira, agosto 29, 2007

E por falar em Sampa...

MARAVILHOSA a exposição de Clarice Lispector no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Passei uma tarde me deliciando com suas cartas, fotos, a beleza ainda muito presente dessa diva da literatura (até consegui ver um certo charme em Sampa...). Aliás, o Museu é fantástico. Impossível não "viajar" na história de nossa língua. Lá, temos a oportunidade de conhecer os diversos "falares" do português mundo afora. Amei. Quanto tiver mais tempo, falarei com detalhes dessa experiência "deliciosa", para usar uma expressão bem paulistana.
Ufa! Esse agosto repleto de coisas boas, intenso, efusivo. Enfim, tô de volta e com todo o gás, energias renovadas e muito feliz com tantas coisas boas acontecendo nos planos pessoal e profissional, sobretudo pessoal.

sábado, julho 14, 2007

Jóias de Belém

Coração Sonhador

Eu sonhei com a lua cheia
Prateando o céu e o mar
Vi o rio da tua beleza
Transbordando em meu olhar

Eu te vi uma sereia
Um sorriso sedutor
Doce ilusão nos olhos
Magia no meu coração sonhador

Quando te vi chegando, morena
Tão bonito que era
Eu vi o sol e a lua trazendo
As cores da primavera

Eu te vi um dia lindo
Teu olhar em mim raiando
Como um barco no horizonte
Do prazer me navegando

Eu, um bom boto e tu, cunhã
Na manhã do nosso amor
Doce ilusão nos olhos
Magia no meu coração sonhador

(Foto: Ana Paula Freire)


domingo, julho 01, 2007

"Doar a si próprio"

Mais Clarice, para emocionar...

"No amor felizmente a riqueza está na doação mútua. O que não significa que não haja luta: é preciso se doar o direito de receber amor. Mas lutar é bom. Há dificuldades que só por serem dificuldades já esquentam o nosso sangue, que este felizmente pode ser doado."
(Idem, pág. 305)

"Dar-se enfim"


"O prazer é abrir as mãos e deixar escorrer sem avareza o vazio pleno que se estava encarniçadamente prendendo. E de súbito o sobressalto: ah, abri as mãos e o coração, e não estou perdendo nada! E o susto: acorde, pois há o perigo de o coração estar livre!
Até que se percebe que nesse espraiar-se está o prazer muito perigoso de ser. Mas vem uma segurança estranha: sempre ter-se-á o que gastar. Não ter pois avareza com esse vazio pleno: gastá-lo."
(Clarice Lispector, "A Hora da Descoberta", pág. 420)

sábado, junho 30, 2007

Uma pérola de Rubem Alves

"O amor por um homem ou por uma mulher
acontece quando, repentinamente, ao ver um rosto,
tem-se a impressão de havê-lo visto lá,
dentro da cena da alma".

sábado, junho 23, 2007

Eternamente, como em O Beijo, de Rodin

“[Abelardo e Heloísa] Continuaram a se amar pelo resto de suas vidas com o poder da memória e da saudade – até que a morte os unisse eternamente.”
...
“Ainda hoje, decorridos quase 900 anos, os namorados visitam aquele túmulo. Talvez para suplicar a Deus que eles estejam abraçados eternamente, como em O Beijo, de Rodin. Talvez para pedir que nos seja dada a felicidade de viver um amor como aquele, mas sem ter de viver a sua dor.”

Fragmentos de Abelardo e Heloísa, de Rubem ALves, sobre a linda história de uma jovem que se apaixonou pelo tutor e com ele viveu o único e verdadeiro amor de sua vida. Há um filme inspirado neles - "Em nome de Deus" (Stealing Heaven, 1988), que eu vi pela primeira vez em 1996. Recomendo.

sexta-feira, junho 15, 2007

Um outro olhar

Vi e revi o importante documentário “A revolução não será televisionada” (The revolution will not be televised, Irlanda, 2003) sobre as tramas que levaram ao golpe contra o governo Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Penso que todo estudante de jornalismo, professor e profissional deveriam assistir-lhe. No mínimo, é um contraponto a tudo o que lemos ou escutamos na cobertura sobre a política de Chávez aqui no Brasil.
O resultado aconteceu meio que por acaso: dois cineastas irlandeses, Kim Bartley e Donnacha O’Briain, estavam na Venezuela realizando, havia seis meses, um documentário sobre Chávez, quando foram surpreendidos pela articulação (da elite com os meios de comunicação) e o desencadeamento do golpe. Como tinham permissão para acompanhar o dia-a-dia do governo, eles puderam registrar momentos de trama, tensão, violência, inclusive há cenas no interior do Palácio Mira Flores. O documetário termina com a recondução de Chávez ao poder. Pelas mãos do povo, em uma espetacular reação ao golpe. Vale a pena.


Em busca do outro

Às vezes, ela me faz chorar...

"Não é à toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, é outro, é os outros. Quando eu puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada."
(A descoberta do mundo, pág. 118)


Em busca do prazer

Só poderia ser dela: a diva Clarice Lispector


"E tanto sofrimento por estar, às vezes sem nem saber, à cata de prazeres. Não sei como esperar que eles venham sozinhos. E é tão dramático: basta olhar numa boate à meia luz os outros: a busca do prazer que não vem sozinho e de si mesmo. A busca do prazer me tem sido água ruim: colo a boca e sinto a bica enferrujada, escorrem dois pingos de água morna: é a água seca. Não, antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado."
(A descoberta do mundo, pág. 404)

segunda-feira, junho 11, 2007

Inspiração...

Nada como um Fernando Pessoa para começar o dia...

"Quando te vi amei-te já muito antes,
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci para ti antes de haver o mundo."


quinta-feira, maio 31, 2007

Mais Clarice: "Rosas silvestres"

"Rosas silvestres, eu vos amo.
Diariamente morro por vosso perfume"


"Só esta expressão rosas silvestres já me faz aspirar o ar como se o mundo fosse uma rosa crua. Tenho uma grande amiga que me manda de quando em quando rosas silvestres. E o perfume delas, meu Deus, me dá ânimo para respirar e viver.
As rosas silvestres têm um mistério dos mais estranhos e delicados: à medida que vão envelhecendo vão perfumando mais. Quando estão à morte, já amarelando, o perfume fica forte e adocicado, e lembra as perumadas noites de lua de Recife. Quando finalmente morrem, quando estão mortas, mortas - aí então, como uma flor renascida no berço da terra, é que o perfume que se exala delas me embriaga. Estão mortas, feias, em vez de brancas ficaram amarronadas. Mas como jogá-las fora se, mortas, elas têm alma viva? Resolvi a situação das rosas silvestres mortas, despetalando-as e espalhando as pétalas perfumadas na minha gaveta de roupa.
Da última vez que minha amiga me mandou rosas silvestres, quando estas estavam morrendo e ficando mais perfumadas ainda, eu disse para meus filhos:
- Era assim que eu queria morrer: perfumando de amor. Morta e exalanado a alma viva.(...)
Rosas silvestres, eu vos amo. Diariamente morro por vosso perfume."
(Idem, p.105)

Clarice Lispector

Ir contra uma maré

"Lutei toda a minha vida contra a tendência ao devaneio, sempre sem jamais deixar que ele me levasse até as últimas águas. Mas o esforço de nadar contra a doce corrente tira parte de minha força vital. E, se lutando contra o devaneio, ganho no domínio da ação, perco interiormente uma coisa muito suave de ser e que nada substitui. Mas um dia ainda hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará".
(Em "A descoberta do mundo", p. 284)

quarta-feira, maio 30, 2007

Mais Marina

Pontos de vista

Quando quero ver melhor
o mundo
eu o olho através
das palavras

Marina Colasanti

É nesse

Há sempre um ponto
fora
um ponto além da tela
da moldura
da armação dos óculos
um ponto além da linha do horizonte
na quina alheia ao campo visual.
E é nesse ponto
nesse ponto ausente
que se atam os nós
e traçam rumos das
coisas por nascer
ditas
destino.

terça-feira, maio 29, 2007

Um belo poema

de Josely Viana



VEM COMIGO

Me guarda contigo
como teu umbigo,

raso e narciso,
te abraça comigo

como se a perigo.

Envolve-te comigo,

paraíso...

(Foto: São Gabriel da Cachoeira-AM,
por Expedicion Turpial)


sexta-feira, maio 25, 2007

El Che apasionado

Aleida Guevara compareceu à Feira do Livro de Turim para lançar a edição italiana do livro de memórias de sua mãe, Aleida March, desde a infância pobre em Cuba até o casamento com o com o líder revolucionário Ernesto Che Guevara, em 1959. Entre as revelações de "Evocación - La mia vita a fianco del Che", título em italiano, está uma carta que Che enviou do Congo à Aleida, alguns anos depois do primeiro encontro, na qual ele relembra como um beijo e o amor fizeram com que houvesse "um choque entre o revolucionário e o verdadeiro Che". No lançamento, Aleida, a filha, diz: "O meu pai e a minha mãe viveram uma grande paixão".

Jardim da Fantasia

Bem te quis, bem te quis
e ainda quero muito mais
Maior que a imensidão da paz
e bem maior que o sol
Onde estás?
Nas nuvens ou na insensatez
Me beije só mais uma vez
depois volte prá lá…
(Paulinho Pedra Azul)

quarta-feira, maio 23, 2007

Walt Whitman na web

Falei de Walt Whitman e não disse que algumas de suas obras estão disponíveis na web. O site Project Gutemberg oferece link inclusive para poesias que compõem "Canção de Mim Mesmo" (no original, "Song of Myself"), gravadas em .mp3. Para ouvi-las, clique aqui .

Vargas Llosa no Brasil

O excepcional escritor peruano Mario Vargas Llosa vem ao Brasil, na segunda semana de junho, para relançar sua obra completa pela Editora Alfaguara. Os primeiros títulos serão "A cidade e os cachorros" e "Pantaleão e as visitadoras". No roteiro de Vargas Llosa, Rio e Sampa.


segunda-feira, maio 21, 2007

Ele de novo: Michael Moore

O talentoso cineasta Michael Moore está de volta. E, mais uma vez, gerando muita polêmica, agora com seu "Sicko", documentário que aborda o sistema hospitalar público e privado nos Estados Unidos. Mesmo fora da competição, "Sicko" foi apresentado no Festival de Cannes, no sábado, e "roubou a cena", de acordo com as notícias veiculadas sobre o evento. Vamos torcer para que o Tesouro dos EUA libere o lançamento do documentário, agendado para 29 de julho. Moore é sempre garantia de subversão, o que, para mim, é uma qualidade.

Inspirado na luta "Sem justiça não há paz"

Assisti a "Pão e Rosas", importante filme do diretor britânico Ken Loach sobre a luta de classes em sua forma mais crua. O cenário: Los Angeles. Lá, na terra dos sonhos, duas irmãs mexicanas, Maya e Rosa, e outros imigrantes latinos - a maioria ilegal, são explorados trabalhando como faxineiros em um prédio comercial. Recebendo pouco mais de US$ 5 por dia, sem direito a férias e outros benefícios, eles se acomodam naquele subemprego até o aparecimento de Sam, um ativista sindical que tenta a todo custo convencê-los de que vale a pena aderir ao sindicato para que, juntos, possam exigir da empresa o cumprimento das leis trabalhistas. Apesar da coação e de demissões de colegas, os faxineiros partem para a luta. E vencem. O nome do filme vem de uma faixa carregada como estandarte que resume os anseios dos trabalhadores. "Nós não querems só pão, queremos rosas também"

Em fevereiro passado, assisti a outro filme de Ken Loach, "Apenas um beijo", história de amor entre
Casim, muçulmano, e Roisin, católica. Ele se apaixonam e decidem ficar juntos, enfrentando a incompreensão tanto de católicos quanto de muçulmanos para fazer valer o seu amor. Mais uma bela obra desse diretor excepcional.

Para começar o dia...

"Que coisas são essas que me dizes sem dizer, escondidas atrás do que realmente quer dizer?
Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho,
minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma alegria além de ti.
Como pude cair assim nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara."
(Do livro Caio 3D, O essencial da década de 1980)



"Eu celebro a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você. (...)
Vou até a margem junto à mata sem disfarces e pelado,
Louco pra que ela faça contato comigo.
A fumaça de minha própria respiração,
Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros . . . raiz de amaranto, fio de seda, forquilha e
Minha respiração minha inspiração . . . a batida do meu coração . . . passagem de sangue e ar por meus pulmões"
(De "Folhas de Relva", de Walt Whitman)

domingo, maio 20, 2007

Calor humano

"Ainda era cedo para acender as lâmpadas, o que pelo menos precipitaria uma noite. A noite que não vinha, não vinha, que era impossível. E o seu amor que agora era impossível - que era seco como a febre de quem não transpira, que era amor sem ópio nem morfina. E 'eu te amo' era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. Farpa incrustada na parte mais grossa da sola do pé".
De Clarice Lispector, em "A descoberta do mundo", belo livro que "devorei" nos últimos dias.

sexta-feira, maio 18, 2007

Questões climáticas - notas

Clima em debate na UFRJ
O pesquisador do Programa LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia e professor da USP, Paulo Artaxo, esteve na UFRJ ontem à tarde para uma conferência sobre o papel dos aerossóis na regulamentação climática. Artaxo foi o convidado da Copea - Coordenação de Programas de Estudos Avançados - para o ciclo de debates sobre o futuro da Terra. Ele é um dos pioneiros em estudos acerca do impacto das emissões de partículas provenientes de queimadas no clima amazônico. O evento aconteceu no salão Pedro Calmon do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ.

O clima em Floripa
E por falar em clima,
novas descobertas da meteorologia e áreas correlatas serão apresentadas e discutidas durante o 2º Encontro Sul Brasileiro de Meteorologia, de 25 a 29 de junho, em Florianópolis (SC). Pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado do Programa LBA estarão presentes. Entre os temas a serem discutidos, estão: “Agrometeorologia e biometeorologia”, “Hidrometeorologia e recursos hídricos”, “Sensoriamento remoto da atmosfera e sistemas de observações”, “Climatologia e previsão climática” e “Sistemas meteorológicos e desastres naturais” são algumas áreas temáticas do encontro, promovido pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (Cefet).

quinta-feira, maio 17, 2007

Diante dos olhos a estrela...

Eram ladrilhados ou triangulares, de cimento ou asfalto, coloridos ou acinzentados. Não sei não!
Eram apenas caminhos que me levavam ao destino final.
Eu pisei sem prestar bastante atenção, mas convenhamos quem anda olhando para o chão?
Deixei meus rastros pra trás. E o que me interessa está diante de meus olhos a estrela que me hipnotiza me fascina e me chama...
Ela que me faz caminhar os caminhos.
Os caminhos que alguém deixou lá para eu caminhar!
(Fragmentos de Caminhos!, por
Cláudia Regina Carlos Antônio)

quarta-feira, maio 16, 2007

"O Chão de Graciliano"

Do jornalista e escritor Audálio Dantas, em parceria com o fotógrafo Tiago Santana, o livro “O chão de Graciliano" traz um belo ensaio fotográfico mostrando como está hoje a região em que Graciliano nasceu, viveu e ambientou sua criação literária.
Com prefácio de Joel Silveira, o livro é resultado das muitas viagens que a dupla fez, d
urante cinco anos, ao sertão de Pernambuco e Alagoas, para resgatar os caminhos percorridos por Graciliano Ramos. "Não é pura e simplesmente um ensaio de literatura, mas uma reportagem com tratamento literário, que tenta localizar Graciliano no seu tempo e na atualidade, aliada à arte da fotografia", diz Dantas, que é vice-Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e diretor da Representação da entidade em São Paulo.

quinta-feira, maio 10, 2007

O passado presente

"Decidi fazer o que já estava querendo há algum tempo. Tirei outra vez o livro da estante. Recomecei a ler, pela quarta vez, O Amor nos Tempos do Cólera. Pela primeira vez em Espanhol. E foi como reviver os meus seis últimos anos nos cinquenta e tantos em que se desenrola o romance.
Mergulhei na linguagem mágica e emocionada de Garcia Marques, sentindo agora na própria pele o passar dos anos - e foram tantos - nas histórias nossas...

Vinte anos depois de ter lido o romance pela última vez era tudo tão diferente! Sabia muito mais agora sobre esperas, sonhos impossíveis, imagem amada colada na cara da lua, espelhos que guardavam segredos...
Guardei novas frases na caderneta da mesinha de cabeceira... grifei outras dores...reconheci como meus os artifícios do amor distante."

Fragmentos do escrito O amor tem cada idéia, que encontrei no interessante blog "Língua de Mariposa", de Nora Borges. A autora inspirou-se em "O amor nos tempos do colera", de Gabriel García Marquez, do qual reproduz um belo e delicado excerto, dedicando-o "a quem tem um amor do passado prisioneiro em algum espelho da casa...".
Para ilustrá-lo, a foto de uma cena do filme "Em algum lugar do passado" (que eu também trago para cá): o jovem Richard se debruçando sobre a imagem de Elise McKenna, retrato de um amor do passado que teima em manter "la luce accesa". (Sinopse Aqui ).

Poesia cubana

ÁMAME COMO SOY
Pablo Milanés

Ámame como soy, tómame sin temor
tócame con amor, que voy a perder la calma.
Bésame sin rencor, trátame con dulzor
mírame por favor que quiero llegar a tu alma.

Amar es un laberinto que nunca había conocido
desde que yo di contigo quiero romper ese mito.
Quiero salir de tu mano venciendo todos los ritos
quiero gritar que te amo y que todos oigan mi grito.

Lo bello es lo que ha nacido del más puro sentimiento
lo bello lo llevo dentro, lo bello nace contigo.
Yo quiero sientas conmigo tan bello como yo siento
juntar esos sentimientos y hacer más bello el camino.

À vrai dire

"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro"
Caio F.

quarta-feira, maio 09, 2007

Meu signo hoje

Clima colorido e quente,
bom para o coração e para o físico

"Alto astral nas relações afetivas. Você está mais calmo e confiante, e em alguns momentos muito ardente. Veja como a emoção acaba com o preto e branco e com o morno, faz tudo para ficar colorido e quente. Não vale a pena proteger demais o coração. Coragem é bom e você gosta."
Fonte: O Globo

segunda-feira, maio 07, 2007

Clima (III)

Ufa, o clima melhorou. Está mais ameno, depois de uns dias de intenso calor e um - felizmente rápido - intervalo nebuloso. Odeio o sol muito forte, só curto se estiver perto de uma praia, mas também não gosto de tempestades.
Well, às vezes me sinto melhor com a temperatura alta, it depends... Só mesmo os especialistas para compreenderem as oscilações temporais a que estamos sujeitos.


E já que o céu amanheceu azul, após uma madrugada de (ou "nas") nuvens, nada como ouvir James Blunt (foto). Lindo, lindo o CD Back to Bedlam, especialmente a música Tears and Rain (Lágrimas e Chuva). Para quem não lembra, é dele também a bonita You're beautiful, sucesso da trilha de Belíssima. Como diz Robert Browning, quem ouve música se sente imediatamente povoado.

Clima (II)

(Deu na France Presse)
IPCC é quase ignorado pela imprensa oficial da China
Os jornais oficiais da China praticamente ignoraram o mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), divulgado na sexta-feira na Tailândia. Enquanto o "Diario do Povo" esqueceu completamente a conclusão do grupo de cientistas internacionais, o jornal "Beijing Youth Daily" noticiou a questão com uma pequena nota. A única exceção foi o jornal de língua inglesa "China Daily", que apresentou o relatório do clima aos leitores na primeira página. A China está próxima de ultrapassar os EUA na lista dos maiores poluidores.
Fonte: FSP, 07/05/2007

E por falar em clima...

(Deu no New York Times)
Estados americanos vão tentar reduzir emissões
Enquanto o governo do presidente George W. Bush não adere a nenhuma iniciativa para a redução das emissões dos gases-estufa, alguns estados americanos resolveram se unir para fazer isso por conta própria. A Iniciativa Regional de Gases-Estufa vai reunir dez estados. O objetivo desse plano é reduzir, a partir de 2009, 10% das emissões feitas pelas usinas de energia. Será criado um mercado para a comercialização do carbono. Cada estado vai receber uma determinada quantidade de créditos. Eles terão que ser comprados, depois de três anos, pelas próprias usinas.
Fonte: FSP, 07/05/2007

LBA bem representado

Os maiores cientistas do mundo em climatologia estão no Brasil para debater as mudanças climáticas globais no fórum "Aquecimento Global: Por que devemos nos preocupar". Trata-se do primeiro fórum científico sobre o tema realizado no país após a contundente divulgação dos relatórios preliminares do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU.
O fórum reúne oito representantes de ponta da ciência mundial para discutir a crise ambiental, em um ciclo de conferências semanais em maio e junho. Entre eles, Dr. Guy Brasseur (EUA), Dra. Graciela Magrin (Argentina), Dr. Pavel Kabat (Holanda), Dr. Carlos Nobre (Brasil) e Dr. Paulo Artaxo (Brasil).
Nobre, curador do Fórum, é pesquisador do Inpe e coordenador científico do Programa LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia).
Artaxo é professor da USP e coordenador do Instituto do Milênio LBA2.
A iniciativa é da CPFL Energia, empresa do setor elétrico nacional sediada em Campinas-SP, com empreendimentos nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Tocantins.

Lição para mim

"... não deixe de fazer algo que gosta
devido à falta de tempo,
a única falta que terá, será desse
tempo que infelizmente não
voltará mais"
Mário Quintana

Uma cicatriz risonha em ti...

Quero brincar no teu corpo
feito bailarina
Que logo se alucina,
salta e te ilumina
quando a noite vem

E nos músculos exaustos do teu braço
repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço...
Chico Buarque
***

sexta-feira, maio 04, 2007

Na Cidade Maravilhosa

O Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) promoverá, de 7 a 11 de maio, um curso de divulgação científica com ênfase para saúde e ciência e tecnologia, voltado para jornalistas, pesquisadores e demais divulgadores. De acordo com Cláudia Jurberg, coordenadora, a proposta é avaliar e discutir aspectos da comunicação nesses campos e de que maneira esse processo pode influir na opinião da sociedade. "A idéia é debater a divulgação científica, elaborar sugestões que possam ser veiculadas pela imprensa e participar da produção de matérias".
O curso será realizado na Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde, das 9h às 12h.
Como ninguém é de ferro, vale uma esticadinha até Sampa, no final da semana, para ver a exposição "Clarice Lispector - A Hora da Estrela". Assessores e bolsistas da Fapeam têm presença confirmada. Em tempo: Nem todos.

quinta-feira, maio 03, 2007

Infinito particular

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
...
Paraiso se mudou para lá
...
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
...
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for
(Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes)

Também em Sampa

"Amo a língua portuguesa. (...)
Eu até queria não ter
aprendido outras línguas:
só para que a minha abordagem
do português fosse virgem e límpida"
Clarice Lispector

Ela, Clarice Lispector, é tema da exposição "Clarice Lispector - A Hora da Estrela", em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com seus escritos, cartas e fotografias. A mostra também marca os 30 anos da morte dessa diva da nossa literatura (ocorrida em 9 de dezembro de 1977) e da publicação de "A Hora da Estrela", seu livro mais popular. Júlia Peregrino e Ferreira Gullar são os curadores, Daniela Thomas e Felipe Tassara, os responsáveis pela cenografia. É uma boa oportunidade para o público conhecer um pouco mais sobre alguém que, nas palavras de Gullar, "tentou dizer o indizível sabendo que não poderia fazê-lo".
Vamos lá.

Mudanças climáticas em Sampa

No dia 14 de maio, às 19h30, o físico Paulo Artaxo (foto) e o cientista ambiental Pedro L. da Silva Dias, ambos da USP, vão apresentar a palestra "Mudanças Climáticas Globais e Cenários Climáticos Futuros".
Em Florianópolis, conversei longamente com Artaxo sobre os possíveis cenários para a clima mundial e regional, no caso a Amazônia. Embora reconheça que a situação é preocupante, o cientista acredita que há muito exagero quando se aborda a questão, principalmente por parte dos jornalistas. "A situação é preocupante, mas não é catastrófica, como faz parecer a mídia na cobertura jornalística sobre o tema", disse.
A palestra será na Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos, na avenida das Nações Unidas, 4777, São Paulo. Vale a pena conferir.
Paulo Artaxo é um dos mais respeitados cientistas do País em sua área de atuação. Além de coordenar o Milênio-2 LBA, é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e titular da Academia Brasileira de Ciências.

quarta-feira, maio 02, 2007

Imagens de Floripa

Aqui as imagens dos dias de trabalho e de passeio (como disse, ninguém é de ferro!) em Floripa.
Boas lembranças de uma bela cidade.

sábado, abril 28, 2007

Saudades de Floripa

O MEU AMOR
(Chico Buarque)

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

Reflexos de Floripa

MUNDO NOVO, VIDA NOVA
(Gonzaguinha)

Buscar um mundo novo, vida nova
E ver, se dessa vez, faço um final feliz
Deixar de lado
Aquelas velhas estórias
O verso usado
O canto antigo
Vou dizer adeus
Fazer de tudo e todos bela lembrança
Deixar de ser só esperança
E por minhas mãos, lutando me superar
Vou traçar no tempo meu próprio caminho
E assim abrir meu peito ao vento
Me libertar
De ser somente aquilo que se espera
Em forma, jeito, luz e cor
E vou
Vou pegar um mundo novo, vida nova
Vou pegar um mundo novo, vida nova

terça-feira, abril 24, 2007

De Helena Verdugo Afonso

MENTIRA


Acreditei na vida, e foi assim

que, cheia de alegria e de esperança,

deixei alimentar dentro de mim

um amor puro e ledo, de criança.


Pensei ter alcançado então, o fim

por mim tão desejado, e, sem tardança,

senti-me venturosa, escrava enfim,

julgando meu o que ninguém alcança.


Mas, aí! Tu só mentiste. E foi em vão

que tentei afogar no coração

o pranto desta mágoa que delira...


O teu amor, que tanto ambicionei

e a que tão loucamente me entreguei,

não passava, afinal, de uma mentira!...


segunda-feira, abril 23, 2007

A bela Amy

Das ruas de Glasgow para o The Albert Royal Hall, em Londres: esta é Amy Belle, a jovem cantora que faz dueto com Rod Stewart no show “One Night with Rod Stewart”, gravado no final do ano passado. Os dois emocionam na interpretação de “I don’t want to talk about it”; Amy canta o refrão enquanto recebe o carinho e a reverência do grande Rod. O show, também disponível em DVD, traz sucessos antigos, como Sailing e You’re in my heart, e algumas canções da série The Great American Songbook, como What a wonderful world e Blue Moon (essa simplesmente MAGNÍFICA!).

quinta-feira, abril 19, 2007

Um novo Cat Stevens

Escutei o novo CD de Yusuf Islam, o nosso Cat Stevens. Não é, digamos, um "Tea for the
Tillerman", mas... para quem ficou quase três décadas afastado do ‘show business’, até que “An Other Cup” agrada. Não é à toa que foi e continua sendo muito bem recebido pela crítica internacional (o lançamento oficial foi no final do ano passado).
Gostei de "When butterflies leave":

When butterflies leave
their silk palaces
The scent of the garden blows
towards Heaven's way.
Like the toils of man,
Those who work to tomorrow
Will not miss the dreams of yesterday

Rosas da esperança


Linda foto publicada hoje, na Folha, ilustrando o
"Movimento Rio pela Paz".
Mil e trezentas rosas vermelhas foram colocadas nas areias de Copacabana,
representando as 1.300 vítimas
da violência no Rio de Janeiro, este ano.
O protesto foi chamado de "Jardim da Morte".
Ana Carolina Fernandes é a autora dessa imagem que nos cala fundo.

De Chico Buarque

SEMPRE

Eu te contemplava sempre
Feito um gato aos pés da dona
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
Vejo estrelas que já foram
Noite afora para sempre

O teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre

Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que bastantes
Quando cada instante é sempre

sexta-feira, abril 13, 2007

Um amor de paixão

Elsa & Fred é a história de dois velhinhos que experimentam o amor após os 80 anos. Ela é argentina. Ele, espanhol. Ela está com uma doença terminal, mas nem por isso perde a alegria de viver. Ele, ao contrário, não enxerga prazer em sua vida, sobretudo depois da morte da esposa, que o fez querer mudar-se para o prédio em que Elsa mora. A iniciativa do encontro é dela, encantada com o novo vizinho. Mesmo após algumas investidas sem sucesso - Fred resiste, com medo de se envolver - ela não se intimida e seu jeito meio moleca pouco a pouco vai conquistando o coração dele. Quando a paixão explode, a vida de ambos ganha um novo sentido. Elsa sempre sonhou em conhecer Roma, para ter o seu dia de Anita Ekberg na Fontana de Trevi. Ele a leva lá e encarna Mastroianni, com direito a gatinho e tudo o mais. O filme é uma comédia romântica que cativa do início ao fim (a última cena é bem a cara da "menina" Elsa) e deixa-nos a sensação de que nunca é tarde para (re)começar. Tem como cenários mia bella Itália e a Espanha. Mais um motivo para não perder essa belezinha.

quinta-feira, abril 12, 2007

O medo dos jornalistas (II)

Por Antonio Hohlfeldt
"Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc. Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro." Leia aqui o artigo na íntegra, reproduzido do site http://www.jornalistas-rs.org.br.

O medo dos jornalistas

Na semana passada, acompanhei uma equipe do Globo Ecologia que veio produzir um especial sobre Mudanças Climáticas em Manaus. Como o LBA é referência na área, o programa foi gravado no sítio experimental do Inpa, que fica no ramal ZF-2 da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), onde há duas das 14 torres do projeto. O jornalista Paulo Henrique, o cinegrafista Antonio Gurgel e o assistente Jorge Ferreira subiram a torre de 53 metros (a mesma que eu subi e quase não desci, há pouco tempo) e ficaram impressionados com o que viram lá de cima. No dia seguinte, foi a vez da equipe da ABC News se aventurar na floresta. A rede americana está preparando um documentário especial pelo Earth Day e uma das cidades escolhidas para as gravações foi a terra dos barés. Ao final da experiência, as equipes do GE e da ABC tiveram a mesma sensação: "a imagem da floresta é exuberante, mas para chegar ao topo da torre é preciso coragem". Eu que o diga!

Em tempo: No Globo de hoje, Patrícia Kogut publica uma foto dos jornalistas da ABC News na torre maior da ZF-2, acompanhados do cientista Philip Fearnside, membro do IPCC e uma das maiores autoridades no assunto (é o segundo autor do Brasil mais citado no mundo, nessa área).

quinta-feira, abril 05, 2007

Para não esqueceres

COMO EU TE AMO

De que maneira eu te amo? Impossível dizer.
Eu te amo em dimensões de abismo e de altitude,
onde a alma ainda alcança o azul da plenitude,
no limite do ideal, além do próprio ser.

Eu te amo dia a dia, em nímia beatitude,
desde a luz da manhã à luz do anoitecer;
eu te amo livremente, ou sem leis nem poder;
eu te amo com orgulho, e com terna atitude.

Eu te amo com o raro amor dos desencantos,
com a fé infantil, que permanece forte,
com o estranho calor dos crentes e dos santos.

Eu te amo com paixão, com lágrimas, transporte.
E se Deus o quiser, implorando em meus prantos,
amar-te-ei, também, depois da própria morte!

Elisabeth Barret Browning, poeta inglesa
Tela de A. Modigliani

quarta-feira, abril 04, 2007

Nós mesmos em nós dois

Da Colômbia e de Angola: dois belos poemas
para mexer com nossas emoções


ESTE AMOR

Este amor que levamos escondido
e, por nós dois somente, partilhado;
tão fundo em nós gravado, e assim gravado,
tão longe de poder ser esquecido;

este amor só por nós dois dividido,
e, por tão dividido, eternizado,
este tão doce amor, crucificado,
e, por crucificado, tão ferido;

este amor como vento de verão,
tão
manso, tão sutil, leve e fragrante
que às vezes foge, sem querer, da mão,

este amor tão em nós e tão distante
será sempre um mistério oculto em vão,
mas, embora mistério..., tão constante!

Poema de Marco Antonio Cajiao,
Tela
El abrazo, da série Abrazos (1998),
de
Cézar Correa,
poeta e artista colombianos

*****

ANSEIO

Amor, vivo tão só, nesta tristeza,
onde minh'alma se desfaz em pranto,
longe do teu olhar cheio de encanto,
em que fiquei eternamente presa.

Tão longe ando de ti, numa incerteza
de ter-te, minha vida! E entretanto,
vai crescendo este amor, mas tanto e tanto,
em místico fervor como quem reza!...

Ando faminta, cheia de desejo
dessas carícias tão de mim ausentes,
que me enlouquecem, e que em ti prevejo...

E morro na paixão que mal pressentes,
e perdem-se pelo ar cheios de pejo
os beijos que te dou e tu não sentes...


Poema de
Helena Verdugo Afonso,
Tela
Nu, de Enid Simões de Abreu,
poeta e artista angolanos

segunda-feira, abril 02, 2007

Era um sábado de sol

"A areia da tarde escorreu
meu vazio se encheu da solidão
na deserta saudade só dava você...
fui andar,
sem querer dei nos mesmos caminhos
tantas vezes trilhados por nós...
Numa volta ao redor do lago lembrei...
você feliz, era um sábado de sol
o meu peito brilhando
de tantas promessas
Que ainda estão por se cumprir..."
(Quando o amor falou mais alto, G. Arantes)

sábado, março 17, 2007

Neruda, Guillén e o Poetinha

Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora, mas a amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Pablo Neruda)

A carta que não foi mandada
Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais
(Vinícius de Moraes)

A veces...
A veces tengo ganas de ser un cursi
para decir: La amo a usted con locura.
A veces tengo ganas de ser tonto
para gritar: ¡La quiero tanto!
A veces tengo ganas de ser un niño
para llorar acurrucado en su seno.
A veces tengo ganas de estar muerto
para sentir, bajo la tierra húmeda de mis jugos,
que me crece una flor rompiéndome el pecho,
una flor, y decir: Esta flor,
para usted.
(Nicolás Guillén)

sexta-feira, março 16, 2007

Semana de Jornalismo na ECO

O Programa de Educação Tutorial da Escola de Comunicação da UFRJ (PET-ECO) realiza este mês, de 27 a 30, a Meio a Meios: I Semana de Jornalismo da UFRJ. O encontro tem como objetivo propor uma reflexão sobre o papel social dos jornalistas e das diversas tendências da comunicação que se multiplicam, fomentadas pelo avanço das tecnologias. Confira a programação completa aqui.

quinta-feira, março 15, 2007

Lontano dagli occhi

Che cos'è?
C'è nell'aria qualcosa di freddo
Che inverno non è.
Che cos'è?
Questa sera i bambini per strada
non giocano più.

Non so perchè
l'allegria degli amici di sempre
non mi diverte più.
Uno mi ha detto che
lontano dagli occhi,
lontano dal cuore,
e tu sei lontano,
lontano da me.

Per uno che torna
e ti porta una rosa,
mille si sono scordati di te.

Lontano dagli occhi,
lontano dal cuore,
e tu sei lontano,
lontano da me.

Ora so
che cos'è questo amaro sapore
che resta di te,
quando tu
sei lontano e non so dove sei,
cosa fai, dove vai.

E so perchè
non so più immaginare il sorriso
che c'è negli occhi tuoi
quando non sei
con me.
Lontano dagli occhi,
lontano dal cuore,
e tu sei lontano,
lontano da me.

(Sergio Endrigo) - Foto: Quai de Bourbon, Paris - Tradução