sábado, abril 28, 2007

Saudades de Floripa

O MEU AMOR
(Chico Buarque)

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

Reflexos de Floripa

MUNDO NOVO, VIDA NOVA
(Gonzaguinha)

Buscar um mundo novo, vida nova
E ver, se dessa vez, faço um final feliz
Deixar de lado
Aquelas velhas estórias
O verso usado
O canto antigo
Vou dizer adeus
Fazer de tudo e todos bela lembrança
Deixar de ser só esperança
E por minhas mãos, lutando me superar
Vou traçar no tempo meu próprio caminho
E assim abrir meu peito ao vento
Me libertar
De ser somente aquilo que se espera
Em forma, jeito, luz e cor
E vou
Vou pegar um mundo novo, vida nova
Vou pegar um mundo novo, vida nova

terça-feira, abril 24, 2007

De Helena Verdugo Afonso

MENTIRA


Acreditei na vida, e foi assim

que, cheia de alegria e de esperança,

deixei alimentar dentro de mim

um amor puro e ledo, de criança.


Pensei ter alcançado então, o fim

por mim tão desejado, e, sem tardança,

senti-me venturosa, escrava enfim,

julgando meu o que ninguém alcança.


Mas, aí! Tu só mentiste. E foi em vão

que tentei afogar no coração

o pranto desta mágoa que delira...


O teu amor, que tanto ambicionei

e a que tão loucamente me entreguei,

não passava, afinal, de uma mentira!...


segunda-feira, abril 23, 2007

A bela Amy

Das ruas de Glasgow para o The Albert Royal Hall, em Londres: esta é Amy Belle, a jovem cantora que faz dueto com Rod Stewart no show “One Night with Rod Stewart”, gravado no final do ano passado. Os dois emocionam na interpretação de “I don’t want to talk about it”; Amy canta o refrão enquanto recebe o carinho e a reverência do grande Rod. O show, também disponível em DVD, traz sucessos antigos, como Sailing e You’re in my heart, e algumas canções da série The Great American Songbook, como What a wonderful world e Blue Moon (essa simplesmente MAGNÍFICA!).

quinta-feira, abril 19, 2007

Um novo Cat Stevens

Escutei o novo CD de Yusuf Islam, o nosso Cat Stevens. Não é, digamos, um "Tea for the
Tillerman", mas... para quem ficou quase três décadas afastado do ‘show business’, até que “An Other Cup” agrada. Não é à toa que foi e continua sendo muito bem recebido pela crítica internacional (o lançamento oficial foi no final do ano passado).
Gostei de "When butterflies leave":

When butterflies leave
their silk palaces
The scent of the garden blows
towards Heaven's way.
Like the toils of man,
Those who work to tomorrow
Will not miss the dreams of yesterday

Rosas da esperança


Linda foto publicada hoje, na Folha, ilustrando o
"Movimento Rio pela Paz".
Mil e trezentas rosas vermelhas foram colocadas nas areias de Copacabana,
representando as 1.300 vítimas
da violência no Rio de Janeiro, este ano.
O protesto foi chamado de "Jardim da Morte".
Ana Carolina Fernandes é a autora dessa imagem que nos cala fundo.

De Chico Buarque

SEMPRE

Eu te contemplava sempre
Feito um gato aos pés da dona
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
Vejo estrelas que já foram
Noite afora para sempre

O teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre

Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que bastantes
Quando cada instante é sempre

sexta-feira, abril 13, 2007

Um amor de paixão

Elsa & Fred é a história de dois velhinhos que experimentam o amor após os 80 anos. Ela é argentina. Ele, espanhol. Ela está com uma doença terminal, mas nem por isso perde a alegria de viver. Ele, ao contrário, não enxerga prazer em sua vida, sobretudo depois da morte da esposa, que o fez querer mudar-se para o prédio em que Elsa mora. A iniciativa do encontro é dela, encantada com o novo vizinho. Mesmo após algumas investidas sem sucesso - Fred resiste, com medo de se envolver - ela não se intimida e seu jeito meio moleca pouco a pouco vai conquistando o coração dele. Quando a paixão explode, a vida de ambos ganha um novo sentido. Elsa sempre sonhou em conhecer Roma, para ter o seu dia de Anita Ekberg na Fontana de Trevi. Ele a leva lá e encarna Mastroianni, com direito a gatinho e tudo o mais. O filme é uma comédia romântica que cativa do início ao fim (a última cena é bem a cara da "menina" Elsa) e deixa-nos a sensação de que nunca é tarde para (re)começar. Tem como cenários mia bella Itália e a Espanha. Mais um motivo para não perder essa belezinha.

quinta-feira, abril 12, 2007

O medo dos jornalistas (II)

Por Antonio Hohlfeldt
"Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc. Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro." Leia aqui o artigo na íntegra, reproduzido do site http://www.jornalistas-rs.org.br.

O medo dos jornalistas

Na semana passada, acompanhei uma equipe do Globo Ecologia que veio produzir um especial sobre Mudanças Climáticas em Manaus. Como o LBA é referência na área, o programa foi gravado no sítio experimental do Inpa, que fica no ramal ZF-2 da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), onde há duas das 14 torres do projeto. O jornalista Paulo Henrique, o cinegrafista Antonio Gurgel e o assistente Jorge Ferreira subiram a torre de 53 metros (a mesma que eu subi e quase não desci, há pouco tempo) e ficaram impressionados com o que viram lá de cima. No dia seguinte, foi a vez da equipe da ABC News se aventurar na floresta. A rede americana está preparando um documentário especial pelo Earth Day e uma das cidades escolhidas para as gravações foi a terra dos barés. Ao final da experiência, as equipes do GE e da ABC tiveram a mesma sensação: "a imagem da floresta é exuberante, mas para chegar ao topo da torre é preciso coragem". Eu que o diga!

Em tempo: No Globo de hoje, Patrícia Kogut publica uma foto dos jornalistas da ABC News na torre maior da ZF-2, acompanhados do cientista Philip Fearnside, membro do IPCC e uma das maiores autoridades no assunto (é o segundo autor do Brasil mais citado no mundo, nessa área).

quinta-feira, abril 05, 2007

Para não esqueceres

COMO EU TE AMO

De que maneira eu te amo? Impossível dizer.
Eu te amo em dimensões de abismo e de altitude,
onde a alma ainda alcança o azul da plenitude,
no limite do ideal, além do próprio ser.

Eu te amo dia a dia, em nímia beatitude,
desde a luz da manhã à luz do anoitecer;
eu te amo livremente, ou sem leis nem poder;
eu te amo com orgulho, e com terna atitude.

Eu te amo com o raro amor dos desencantos,
com a fé infantil, que permanece forte,
com o estranho calor dos crentes e dos santos.

Eu te amo com paixão, com lágrimas, transporte.
E se Deus o quiser, implorando em meus prantos,
amar-te-ei, também, depois da própria morte!

Elisabeth Barret Browning, poeta inglesa
Tela de A. Modigliani

quarta-feira, abril 04, 2007

Nós mesmos em nós dois

Da Colômbia e de Angola: dois belos poemas
para mexer com nossas emoções


ESTE AMOR

Este amor que levamos escondido
e, por nós dois somente, partilhado;
tão fundo em nós gravado, e assim gravado,
tão longe de poder ser esquecido;

este amor só por nós dois dividido,
e, por tão dividido, eternizado,
este tão doce amor, crucificado,
e, por crucificado, tão ferido;

este amor como vento de verão,
tão
manso, tão sutil, leve e fragrante
que às vezes foge, sem querer, da mão,

este amor tão em nós e tão distante
será sempre um mistério oculto em vão,
mas, embora mistério..., tão constante!

Poema de Marco Antonio Cajiao,
Tela
El abrazo, da série Abrazos (1998),
de
Cézar Correa,
poeta e artista colombianos

*****

ANSEIO

Amor, vivo tão só, nesta tristeza,
onde minh'alma se desfaz em pranto,
longe do teu olhar cheio de encanto,
em que fiquei eternamente presa.

Tão longe ando de ti, numa incerteza
de ter-te, minha vida! E entretanto,
vai crescendo este amor, mas tanto e tanto,
em místico fervor como quem reza!...

Ando faminta, cheia de desejo
dessas carícias tão de mim ausentes,
que me enlouquecem, e que em ti prevejo...

E morro na paixão que mal pressentes,
e perdem-se pelo ar cheios de pejo
os beijos que te dou e tu não sentes...


Poema de
Helena Verdugo Afonso,
Tela
Nu, de Enid Simões de Abreu,
poeta e artista angolanos

segunda-feira, abril 02, 2007

Era um sábado de sol

"A areia da tarde escorreu
meu vazio se encheu da solidão
na deserta saudade só dava você...
fui andar,
sem querer dei nos mesmos caminhos
tantas vezes trilhados por nós...
Numa volta ao redor do lago lembrei...
você feliz, era um sábado de sol
o meu peito brilhando
de tantas promessas
Que ainda estão por se cumprir..."
(Quando o amor falou mais alto, G. Arantes)