quarta-feira, abril 04, 2007

Nós mesmos em nós dois

Da Colômbia e de Angola: dois belos poemas
para mexer com nossas emoções


ESTE AMOR

Este amor que levamos escondido
e, por nós dois somente, partilhado;
tão fundo em nós gravado, e assim gravado,
tão longe de poder ser esquecido;

este amor só por nós dois dividido,
e, por tão dividido, eternizado,
este tão doce amor, crucificado,
e, por crucificado, tão ferido;

este amor como vento de verão,
tão
manso, tão sutil, leve e fragrante
que às vezes foge, sem querer, da mão,

este amor tão em nós e tão distante
será sempre um mistério oculto em vão,
mas, embora mistério..., tão constante!

Poema de Marco Antonio Cajiao,
Tela
El abrazo, da série Abrazos (1998),
de
Cézar Correa,
poeta e artista colombianos

*****

ANSEIO

Amor, vivo tão só, nesta tristeza,
onde minh'alma se desfaz em pranto,
longe do teu olhar cheio de encanto,
em que fiquei eternamente presa.

Tão longe ando de ti, numa incerteza
de ter-te, minha vida! E entretanto,
vai crescendo este amor, mas tanto e tanto,
em místico fervor como quem reza!...

Ando faminta, cheia de desejo
dessas carícias tão de mim ausentes,
que me enlouquecem, e que em ti prevejo...

E morro na paixão que mal pressentes,
e perdem-se pelo ar cheios de pejo
os beijos que te dou e tu não sentes...


Poema de
Helena Verdugo Afonso,
Tela
Nu, de Enid Simões de Abreu,
poeta e artista angolanos