sábado, outubro 13, 2007

"La Môme Piaf"

Não deve ser tarefa muito fácil adaptar para o cinema a história de vida de personalidades tão marcantes. Sempre corre-se o risco de o filme não estar à altura do biografado. O ponto de equilíbrio, nesses casos, costuma ser a força da interpretação, como ocorreu com Salma Hayek, em Frida, Jamie Fox, em Ray, e agora, com Marion Cotillard, interpretando de forma magnífica a vida sofrida e ao mesmo tempo arrebatadora de Edith Piaf, em "Piaf - Um Hino ao Amor".
Embora o filme intercale diferentes épocas da vida de Piaf, o que exige do público um certo conhecimento de sua história, até mesmo quem nunca ouviu falar da cantora (será que isso é possível?) fica impressionado com essa pequena mulher, de apenas 1,47, cuja voz cantou o amor e encantou o mundo. Emocionante uma das últimas cenas, em que Piaf está tricotando na praia e é entrevistada por uma jornalista. Depois de várias perguntas, ela indaga: - Se desse um conselho a uma mulher, qual seria? Piaf responde: - Que ame. E a uma jovem: - Que ame. E a uma garota? - Que ame.
E foi exatamente o que ela fez ao longo de sua vida, amou muito. Seu grande amor foi o pugilista Marcel Cerdan, morto em um acidente de avião, do qual Edith jamais se recuperou. A ele dedicou um de seus mais belos clássicos, "L'hynne à l'amour", escrita em parceria com a pianista Marguerite, sua fiel amiga. A letra possuía algo premonitório: "Si un jour, la vie t'arrache à moi, si tu meurs, que tu sois loin de moi peu m'importe, si tu m'aimes, car moi, je mourrai aussi..."
Só por falar de amor, em todas as possibilidades e conseqüências, o filme já valeria muito a pena. Com a vida de Piaf, então, nem se fala.